O secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino, Lounes Magramane, viajou hoje para o Níger, no contexto de uma intensa actividade diplomática da Argélia para evitar uma intervenção militar contra a junta militar golpista no país vizinho.
A deslocação ao Níger do número dois da diplomacia argelina, enviado pelo Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune - "insere-se nos esforços incansáveis e contínuos da Argélia para contribuir para uma solução pacífica da crise no Níger, evitando um aumento dos riscos para este país vizinho e irmão e para toda a região", esclarece um comunicado oficial citado pela agência espanhola Efe.
A CEDEAO exige a reintegração do Presidente nigerino deposto, Mohamed Bazoum, e mantém em cima da mesa a possibilidade de lançar uma operação militar "cirúrgica" e de "curto prazo", caso falhe uma solução política.
Entre os membros da organização regional, a Nigéria, o Benim, a Costa do Marfim e o Senegal manifestaram a disponibilidade dos respetivos exércitos para participar na operação, enquanto os vizinhos Mali e Burkina Faso, que são governados por juntas militares, se opõem ao uso da força. Cabo Verde também já anunciou que não apoia a via militar.
A Argélia, que não é membro da CEDEAO mas mantém um papel de mediação enquanto potência regional e país limítrofe do Níger, rejeitou desde o início a opção militar para reverter o golpe militar lançado no passado dia 26 de julho, devido a alegadas consequências "incalculáveis" que poderá ter na delicada situação de segurança da região.
A União Africana (UA), por seu lado, suspendeu o Níger como membro da organização até ao restabelecimento efectivo da ordem constitucional.
O autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), que liderou o golpe de Estado no Níger e depôs o Presidente democraticamente eleito, ignorou até agora as ameaças e advertiu para uma resposta "enérgica" a uma eventual ofensiva militar.
O Níger é o quinto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes militares entre 2020 e 2022, além do Chade, onde o atual Presidente sucedeu ao seu pai, morto em combate.
Desde o derrube do regime do Presidente Bazoum, a comunidade internacional teme ainda mais instabilidade na região do Sahel, que enfrenta crescentes insurgências de grupos fundamentalistas islâmicos ligados aos grupos extremistas Estado Islâmico e Al-Qaida.
Fonte: NM
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